A cara fechada, de quem não quer uma boa conversa, um bom papo. Era como quisesse ser invisível a quem passava. Com exceção do banco. Ele sempre ali no banco, sozinho. Nem tenta sentar aqui, dizia o olhar dele sempre que eu passava por lá. Olhar de velho astuto, que já viu gente demais passar pelo banco embaixo do pé de jabuticaba e tentar sentar ao lado dele e puxar conversa.
Fui-me embora dali e, uns anos depois ao retornar, não vi o velho ali. De repente morreu. Talvez tenha morrido de solidão. Nunca vi ninguém morrer acompanhado, também. Todo mundo morre sozinho, de uma forma ou de outra.
Cortaram a jabuticabeira, ou ela se foi junto com o velho, que parecia ter uma ligação com a bela árvore e as formigas que nela moravam. Ficou só o banco enferrujado. Sento ali pra relembrar os anos, e sabe, curiosamente me deu uma vontade de ficar...
Um comentário:
Memórias do futuro talvez?
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